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Encalhe de tartarugas marinhas: uma realidade nas praias do Nordeste

08/11/2019 - Quando encontramos uma tartaruga na praia que não esteja preparando o seu ninho, é sinal de que algo a debilitou ↓

As tartarugas marinhas utilizam os oceanos durante toda a sua vida e migram em busca de diferentes locais para se alimentar e reproduzir. O ambiente terrestre é utilizado somente por fêmeas adultas para a postura de seus ovos.

Quando encontramos uma tartaruga na praia que não esteja preparando o seu ninho, é sinal de que algo a debilitou e ocasionou o seu encalhe e, em alguns casos, a sua morte. Os encalhes são causados por diversas razões: doenças, ingestão de lixo, colisão com embarcações e interação com atividades pesqueiras.

O Projeto Tamar/Fundação Pró-Tamar tem como missão promover a recuperação das tartarugas marinhas, desenvolvendo ações de pesquisa, conservação e inclusão social. Através do monitoramento sistemático das principais áreas reprodutivas no Brasil, a fundação realiza a marcação  de fêmeas no momento da desova, o registro e o acompanhamento dos ninhos até o nascimento dos filhotes, e o atendimento de notificações de encalhes em sua área de atuação. Enquanto que as desovas são observadas principalmente entre setembro e março, as ocorrências de encalhe ocorrem ao longo de todo ano.

Em 2018, foram registradas 2148 tartarugas marinhas mortas ao longo da costa de Sergipe e Bahia. A maior parte das ocorrências foram de tartaruga-verde (Chelonia mydas) juvenis. No entanto, no estado de Sergipe, cerca de 75% dos registros de encalhes (706 animais) foram de tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) adultas em fase reprodutiva. Estudos indicam que os encalhes ocorrem principalmente pela captura incidental na pesca de arrasto de camarão.  As tartarugas adultas são essenciais para o recomeço do ciclo de vida ao depositarem seus ovos na praia. No entanto, demoram entre 15 a 30 anos para atingirem a maturidade sexual e até chegarem a esta fase, passam por inúmeras ameaças (a cada 1000 tartarugas que nascem, 1 ou 2 chegam a idade adulta).

As tartarugas marinhas apresentam respiração pulmonar, assim como nós humanos, e precisam subir à superfície do mar para respirar. Quando ficam presas nas redes de pesca, acabam morrendo afogadas. Para minimizar este impacto, o Projeto Tamar/Fundação Pró-Tamar desenvolve projetos de pesquisa voltados para a identificação de áreas prioritárias para a conservação. Atualmente, o projeto REBYC com o apoio da Fundação Pró-Tamar, Instituto de Pesca/SAA/SP e CEPSUL/ICMBio estão realizando testes para o uso de dispositivos excludentes de tartarugas (TED- Turtle Excluder Device) nas embarcações de arrasto em Ubatuba - SP. No Brasil, o uso do TED é obrigatório desde 1994, mas pouco se sabe sobre o efeito deste dispositivo na pesca de arrasto no Brasil. Compreender a eficácia e adequar o manejo pesqueiro é um dos objetivos deste projeto de pesquisa (https://www.tamar.org.br/noticia1.php?cod=924). O TED consiste em uma grade metálica que é inserida no corpo da rede de arrasto de camarão permitindo que animais pequenos, como os camarões, passem pelo espaçamento entre as grades e sejam capturados, enquanto animais maiores como: tartarugas, tubarões e raias são barrados pelo TED e conseguem ser excluídos da rede. 


Além disso, as pesquisas desenvolvidas pela fundação contribuem com conhecimento técnico-científico para subsidiar a implementação do período de defeso (
https://www.tamar.org.br/noticia1.php?cod=891), que atualmente ocorre entre 01 de dezembro e 15 de janeiro e 01 de abril a 15 de maio, no estado de Sergipe.

Tartaruga Tartaruga-oliva

FUNDAÇÃO PROJETO TAMAR UBATUBA - SP

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