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Defeso salva tartarugas marinhas, mas novas medidas precisam ser adotadas

03/02/2012 - Com o fim de mais um período de defeso, quando a pesca de arrasto de camarão fica suspensa temporariamente, o coord. regional do Tamar/ICMBio em Sergipe, engenheiro de pesca Cesar Coelho, faz um alerta. ↓

Defeso salva tartarugas marinhas, mas novas medidas precisam ser adotadas

A interação das tartarugas marinhas com a pesca é uma das principais ameaças às populações desses quelônios

Com o fim de mais um período de defeso, em janeiro, quando a pesca de arrasto de camarão fica suspensa temporariamente, o coordenador regional do Tamar/ICMBio em Sergipe, engenheiro de pesca Cesar Coelho, faz um alerta: pescadores, instituições envolvidas com estas atividades, como o Tamar, e a sociedade em geral precisam trabalhar para ampliar as medidas de proteção, complementares ao defeso.

É preciso cobrar dos órgãos fiscalizadores, afirma, uma presença maior na região para desestimular o não cumprimento das normas já existentes. Só assim é possível ampliar as chances de sustentabilidade desta atividade e, ao mesmo tempo, garantir um meio ambiente mais equilibrado com a interação com as tartarugas marinhas, que precisam alcançar livremente aos locais de postura.

Para se ter uma idéia da atual situação, em apenas 15 dias, após o término do defeso de verão (de 1º de dezembro a 15 de janeiro), foram registradas 36 tartarugas olivas (Lepidochelys olivacea) mortas, entre o Pontal do Peba/AL e Sítio do Conde/BA, enquanto que nos 45 dias do período total de defeso foram identificadas 21 olivas adultas mortas. “Isso comprova que o defeso salva tartarugas marinhas, mas não é o suficiente para resolver os problemas da interação entre esses animais e a pesca de arrasto de camarão”, afirma o coordenador do Tamar.

Principais ameaças - A mortalidade das tartarugas marinhas, por conta da sua interação com as atividades pesqueiras (costeiras ou oceânicas), é uma das principais ameaças às populações desses quelônios, sobretudo no período reprodutivo, quando compartilham a mesma área utilizada pela pesca de arrasto de camarão e alguns tipos de rede de emalhe. A interação é mais significativa para as populações da espécie oliva, a menor tartaruga marinha do litoral brasileiro, cuja população se encontra em recuperação e, por isso mesmo, cada vez mais fêmeas chegam para a desova.

Desde o final da década de 90, o Tamar/Sergipe vem registrando um número cada vez maior de fêmeas adultas da espécie oliva, em fase reprodutiva, aproximando-se cada vez mais das áreas ocupadas pelos barcos pesqueiros. Com essa interação, ao longo do tempo, os índices de morte incidental de tartarugas pela pesca foram crescendo rapidamente.

Desde então, o Tamar passou a atuar, juntamente com as instituições governamentais (Ibama, Cepene, Ministério Público, Marinha), as comunidades e as empresas de pesca, no sentido de buscar soluções para minimizar a situação, no litoral da Bahia, Sergipe e Alagoas.

Desse esforço nasceram algumas medidas importantes, como a criação das áreas de exclusão de pesca, inicialmente, e mais tarde a ampliação do período de defeso, que passou de 50 dias/ano para 90 dias/ano, dividido em duas etapas: um entre 1º de abril e 15 de maio e outro entre 1º de dezembro e 15 de janeiro – este último conhecido como defeso de verão, que coincide com um dos picos reprodutivos das tartarugas oliva. 

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