30/05/2023 - Formação integrada à conservação das tartarugas marinhas... ↓
Assim como as tartarugas marinhas, uma nova geração de pessoas cresceu junto às ações de conservação e pesquisa realizadas pela Fundação Projeto Tamar nas comunidades costeiras. Ainda jovens, iniciaram sua trajetória nos programas de educação ambiental promovidos pela Fundação, voltados para crianças e adolescentes. Ali aguçaram seus olhares e sentidos em prol da conservação marinha. Cresceram, capacitaram-se e, muitos, alguns anos depois, foram incorporados à equipe técnica do Tamar. Atualmente, são responsáveis por realizar atividades relacionadas à pesquisa e monitoramento, gestão, administração, entre outras ações executadas.
Na década de 90, através das iniciativas de inclusão social, familiares de pescadores foram capacitados para atuarem nas confecções e grupos produtivos fomentados pela Fundação, com o objetivo de gerar renda para as comunidades costeiras. Hoje, uma segunda geração dessas mesmas famílias atua nas produções e tem seu trabalho conhecido em todo Brasil através das Lojas Tamar.
Em mais de 40 anos de história, há muitas histórias para contar! Vaninho, iniciou sua carreira há 32 anos em Regência, como office boy. Passou pelas Lojas Tamar de Vitória e pela confecção. Em 1998, mudou-se para Ubatuba/SP, onde assumiu a gerência das lojas e acompanhamento dos grupos produtivos de São Paulo. Formou-se em administração e atualmente é coordenador do Centro de Visitantes de Ubatuba. Para Vaninho, foram as experiências e trocas com outros profissionais que construíram o profissional que se tornou:
“Eu tive ótimos “professores” que me trouxeram uma carga profissional muito boa. São pessoas que eu admiro profissionalmente e pessoalmente, que gosto muito e vivem no meu coração até hoje. Sou muito grato e com certeza tenho reflexos da formação dessas pessoas que passaram em minha vida. Essas vivências me trouxeram uma experiência a nível de meio ambiente, de relações interpessoais, contato com os animais que eu não tinha referência alguma. Acho importante destacar também o contato que tive com grandes mulheres, que trouxeram referências de sensibilidade e respeito, que ajudaram muito na minha formação profissional.”
Outros dois grandes exemplos são Carlos Afonso e Itamar Silva, da Praia do Forte. Ambos iniciaram no programa de educação ambiental Tamarzinhos, foram incorporados como Jovens aprendizes e em seguida cursaram Biologia. Atualmente, Itamar é responsável pelo manejo dos animais do Centro de Visitantes da Praia do Forte, o contato com os animais é o que mais o motiva: “Todos os meus colegas de trabalho de uma forma geral ajudaram na minha formação. O que foi mais significativo foi a vivência com os animais, reabilitar uma tartaruga, realizar processos de condicionamento, sou realizado por soltar filhotinhos, cuidar dos bichos e sensibilizar as pessoas nos atendimentos.”
Itamar como Tamarzinho e hoje, biólogo do centro de visitantes de Praia do Forte
Já Afonso resolveu navegar outros mares e levar seu conhecimento para longe da costa. Hoje atua como biólogo de campo na base de Fernando de Noronha/PE. Para ele a mudança de consciência de geração para geração é o que faz a diferença:
“Sou cria da Fundação Projeto Tamar, posso dizer que as tartarugas marinhas me criaram. Tenho orgulho de vestir a “causa” e fazer parte dessa grande família. Sou muito grato às pessoas que fizeram que meu sonho se realizasse. As pessoas que eu convivi dentro da Fundação, foram fundamentais para que eu conseguisse alcançar estes objetivos. Eu falo sempre que o Tamar não cuida só das tartarugas, cuida de pessoas. Meu pai já comeu tartaruga, meu avô comia tartaruga, eles nasceram naquela geração em que aprendiam a comer. Eu nasci em uma geração diferente, onde se fala de conservação, onde se ensina a cuidar e eu faço parte dessa missão, eu cuido e sou cuidado. Sou muito feliz, estou muito feliz em estar onde estou.”
Fabio Lira, natural de Abaís/SE, sempre muito curioso, iniciou sua trajetória com as tartarugas como “ouvinte”. Depois, desde os 18 anos envolvido em grupos culturais e oficinas, aproximou-se das equipes técnicas. Formou-se em biologia e é Mestre em Ecologia. Hoje atua na pesquisa e monitoramento em Sergipe. Recentemente teve uma experiência incrível apresentando os resultados da Fundação sobre economia circular através do ciclo socioprodutivo no Simpósio Internacional das Tartarugas Marinhas na Colômbia.
“Minha participação no Simpósio Internacional das tartarugas marinhas foi muito especial, pois nesse ano foi possível conhecer e trocar muitas experiências com outras pessoas que participam das atividades desde crianças e entender a importância dos programas de conservação das tartarugas marinhas como forma de incentivo e valorização das comunidades litorâneas, foi muito gratificante levar essa minha experiência pessoal e profissional na Fundação Projeto Tamar para o público do Simpósio”, relata Fábio.
Além dessas, existem diversas outras histórias comoventes, sempre com um consenso: a convivência com as equipes técnicas serviu e ainda serve de inspiração para cada um desses jovens. Os mais experientes passam aos mais novos vivências motivadoras, posturas profissionais inspiradoras, comprometimento e amor à causa. Isso é base para o crescimento profissional e pessoal de cada um.
A formação de pessoas e cidadãos, integrada à proteção das tartarugas marinhas, valoriza os aspectos culturais das comunidades, traz sensibilidade e amor pelas raízes. Além de melhoria econômica, promove independência e estimula a permanência destes jovens em suas comunidades, contribuindo para um desenvolvimento socioeconômico local.
Para a Fundação, essas experiências se traduzem em novas oportunidades de crescimento, representatividade nas comunidades, de fortalecimento, amadurecimento e inovação. A apropriação das ações para proteção das tartarugas marinhas pelas comunidades costeiras contribui diretamente para o sucesso na sua conservação!
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