Pesquisa avalia impacto de diferentes pescarias na bioquímica sanguínea de tartaruga-verde em Ubatuba

22/10/2020 - Primeiros estudos comparam alterações nos valores de referência de parâmetros sanguíneos de tartarugas-verde capturadas incidentalmente por redes de emalhe e cercos flutuantes em Ubatuba ↓

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Recentemente, foi publicado na revista Biologia e Ecologia Marinha Experimental (Journal of Experimental Marine Biology and Ecology), um artigo científico sobre os efeitos fisiológicos da sazonalidade e da captura incidental de tartaruga-verde juvenil (Chelonia mydas) em diferentes pescarias praticadas em Ubatuba, litoral norte de São Paulo. Sabe-se que as capturas incidentais de tartarugas marinhas representam uma das maiores ameaças às populações em todo o mundo, mas pouco se sabe dos efeitos subletais destas capturas.

Buscando avançar nesta área de conhecimento, a pesquisadora Camila Miguel, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), iniciou como trabalho de mestrado os primeiros estudos comparando alterações nos valores de referência de parâmetros sanguíneos de tartarugas-verde capturadas incidentalmente por redes de emalhe e cercos flutuantes em Ubatuba. Para definir um “padrão” de referência, também foram realizadas capturas intencionais, através de mergulho livre, onde a rápida coleta de amostras de sangue possibilita avaliar os parâmetros sanguíneos antes do início das alterações bioquímicas características do estresse.

A etapa de campo da pesquisa foi realizada em colaboração com a equipe técnica da Fundação Projeto Tamar em Ubatuba, otimizando as saídas a campo para os registros de capturas incidentais de tartarugas realizados regularmente, além de auxiliar com as informações referentes a pescarias e na realização de capturas intencionais por mergulho na Praia do Itaguá, onde se localiza a sede regional da Fundação.

Amostras de sangue foram coletadas de 96 tartarugas-verde saudáveis em diferentes estações (inverno e verão) para verificar possíveis variações sazonais nos resultados e 12 parâmetros sanguíneos foram avaliados. Os resultados indicaram alterações significativas em sete dos 12 parâmetros nas tartarugas-verde capturadas em cercos flutuantes e em todos os parâmetros analisados em tartarugas capturadas por redes de emalhe.

Apesar dos cercos flutuantes apresentarem um baixo índice de mortalidade (cerca de 1 a 2% das capturas, conforme estudos prévios realizados pela Fundação Projeto Tamar), ainda assim, as alterações observadas na bioquímica sanguínea indicam possíveis efeitos negativos na saúde dos animais. Já as redes de emalhe, apresentam impacto muito mais acentuado, incluindo maiores índices de mortalidade. O padrão definido neste estudo auxiliará as equipes do Centro de Reabilitação a aprimorar diagnósticos em função das alterações encontradas e estabelecer os procedimentos clínicos mais adequados a cada caso.

Uma prévia deste trabalho da Camila Miguel foi apresentada na IX Reunião e VIII Jornada da Rede ASO Tartarugas (Conservação e Pesquisa de Tartarugas Marinhas no Atlântico Sul Ocidental), em 2018, no Rio de Janeiro/RJ, e na ocasião foi premiado como o melhor trabalho apresentado. Camila iniciou sua trajetória na pesquisa com tartarugas marinhas em Ubatuba, onde realizou seu primeiro estágio na Fundação Projeto Tamar, em 2015. Atualmente é doutora em Ecologia e Evolução da Biodiversidade na PUCRS e coordenadora do Projeto Chelonia mydas do Instituto Marcos Daniel.

Recentemente, foi publicado na revista Biologia e Ecologia Marinha Experimental (Journal of Experimental Marine Biology and Ecology), um artigo científico sobre os efeitos fisiológicos da sazonalidade e da captura incidental de tartaruga-verde juvenil (Chelonia mydas) em diferentes pescarias praticadas em Ubatuba, litoral norte de São Paulo. Sabe-se que as capturas incidentais de tartarugas marinhas representam uma das maiores ameaças às populações em todo o mundo, mas pouco se sabe dos efeitos subletais destas capturas.