15/10/2019 - Nas últimas semanas, o Projeto Tamar/Fundação Pró-Tamar está monitorando intensamente as praias de Sergipe e do litoral Norte da Bahia. ↓
Desde o início de setembro, diversas localidades ao longo do litoral nordestino se depararam com um cenário inesperado: o encalhe de manchas de petróleo em diferentes proporções. Nas últimas semanas, o Projeto Tamar/Fundação Pró-Tamar está monitorando intensamente as praias de Sergipe e do litoral Norte da Bahia, áreas consideradas prioritárias para a reprodução e conservação de três das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no litoral brasileiro: a tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea), a tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), e a tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata). Estas áreas são monitoradas pelo Projeto Tamar há 40 anos para garantir a proteção das fêmeas, dos ninhos e dos filhotes.
Conforme metodologia estabelecida a nível nacional, as equipes de campo mantêm as desovas nos locais de origem (in situ), ou seja, nos locais escolhidos pelas tartarugas fêmeas. Manter os ninhos nos locais de origem garante o desenvolvimento dos filhotes sem interferência humana, em condições naturais de incubação. Em áreas de maior risco (devido a urbanização ou suscetíveis a erosão pelo regime de marés), os ninhos são transferidos no dia da postura para outros locais da praia ou transferidos para o cercado de incubação presente nas instalações da fundação. As transferências são realizadas pela equipe de pesquisadores do Projeto Tamar, capacitados para fazer a coleta e o transporte dos ovos até o local mais adequado para sua permanência. Estes ninhos, assim como os que permanecem in situ, são monitorados até o nascimento dos filhotes. Esta medida já faz parte das atividades de conservação do Projeto Tamar/Fundação Pró Tamar e o protocolo padrão de avaliação e transferência de ninhos segue em andamento, agora considerando a presença de óleo nas diferentes praias.
O encalhe de óleo nas praias tem se alterado todos os dias, em razão da dispersão do mesmo, influenciada pelas condições vento e das correntes marinhas. Em função do acidente, as equipes aumentaram significativamente o esforço de monitoramento para garantir que os filhotes eclodidos provenientes de ninhos in situ não fiquem presos nas manchas de óleos. Nas áreas mais afetadas, membros da nossa equipe estão retendo os filhotes no momento do nascimento e, com base em uma avaliação diária da situação das praias, fornecida pelos órgãos responsáveis, são levados a áreas de menor risco para serem soltos no mar. Estas e outras medidas aplicadas pela fundação ocorrem sob orientação do ICMBio. O levantamento das áreas atingidas está sendo feito pelo IBAMA, com o apoio das prefeituras, que está acionando a Petrobras para auxiliar na limpeza das praias. Além disso, algumas universidades federais estão auxiliando nas análises químicas dos resíduos e na avaliação da dispersão das manchas de óleo ao longo do litoral.
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