16/04/2018 - Os dias 06 e 07/04 ficarão na memória de quem esteve em Praia do Forte. Sou testemunha ocular, auditiva e sensorial da magnitude que foi, por assim dizer, mais um renascimento de sucesso do Projeto tão amado no Brasil e no mundo. ↓
Luciano Calazans, Maestro e diretor do Programa Musical do Tamar
Mesmo durante uma névoa que não dissipa no cenário político do Brasil atual, onde a segregação e o ódio pairam nas redes sociais e na mídia, o Projeto TAMAR, qual as suas principais protegidas, as tartarugas marinhas, seguiu em frente, contra as correntezas e a favor das correntezas, com um único objetivo que deveria ser exemplo para todos os seres humanos: a celebração da vida, a união, a agregação e o trabalho em equipe que trouxe, ao longo de 38 anos de existência, a soltura do filhote número 35.000.000 sob proteção do TAMAR em muitas formas de arte com ênfase na mãe de todas as artes: a música!
Os dias 06 e 07/04 ficarão na memória de quem esteve em Praia do Forte. Sou testemunha ocular, auditiva e sensorial da magnitude que foi, por assim dizer, mais um renascimento de sucesso do Projeto tão amado no Brasil e no mundo.
A prova cabal do que aqui escrevo, foram as misturas de sotaques - estrangeiros e de outras regiões do país - cantando, declamando, ovacionando da forma mais linda que há, a tão estimada vida em música, poesia, versos e prosas!
Às 16h do dia 06/04 houve a soltura de uma tartaruga-de-pente adulta (esta espécie, ainda se encontra em sério risco de extinção) e logo após vieram os filhotes, um deles seria a tartaruga número 35 Milhões.
A praia repleta de gente cercando o local da soltura confirmava que o amor estava no ar, no mar, no céu, em todos os lados! Pessoas (adultos e crianças) se esforçavam para ver (e sentir) o milagre da vida acontecendo, ali, ante seus olhos curiosos e emocionados. Imaginem só! Um final de tarde com todos gritando o refrão da festa, “TAMARAVILHOSO” (refrão do jingle composto por Guy Marcovaldi inspirado no organismo que ele é fundador), enquanto os filhotes rumavam ao seu destino incerto. Aliás, qualquer destino é incerto, mas o destino dos filhotes é mais ainda, pois de cada mil filhotes, só um ou dois chegam a fase adulta.
Artistas de todas as vertentes, emocionados, estavam lá, também, soltando filhotes, dentre eles, o veterano Lenine (um dos artistas mais engajados com a causa há muito tempo), a cantora e compositora grega, Katerina Polemi, o reminiscente de Raul Seixas, Marcos Clement, Jô Estrada, dentre outros. Os coordenadores regionais e funcionários do TAMAR estavam em coro, presentes, e com a ajuda de Mazinho, todos e todas de forma aguerrida (no melhor sentido da palavra) bradavam: TAMARAVILHOSO!
A noite começou com o Coral do Mar sob Regência deste que aqui escreve, entoando músicas do cancioneiro do programa musical do Projeto TAMAR. Logo após o Coral, houve uma mostra de vídeos e de clipes mostrando as realizações do Projeto balzaquiano, aliás, quase senil.
Logo após os vídeos e clipes assistidos atentamente pelo público presente, convidei o mestre Xangai ao palco para acompanhá-lo no Galope Biomar (Xangai, Maviael Melo e Maciel melo). Uma toada já conhecida pelos fãs do Projeto executada com voz e baixo! Que honra!
Depois subiram ao palco nada mais nada menos que, Lenine, Maviael Melo para completar o trio e declamar o cordel "A Grande União", assinado pelo mestre do repente, Maviael Melo. Um deleite para quem ali estava e, para os que estavam ali no palco.
E, como o TAMAR, a música não para, Marcos Clement e Jô Estrada (exímio guitarrista e intérprete) acompanhados pela banda TAMAREAR formada por André Santana, Allan Amaral e este que vos escreve, interpretaram canções de Raul Seixas, do Projeto Tamar e dos Beatles. Eis que Marcos convoca Guy Marcovaldi ao palco e Guy começa a tocar e cantar “TAMARAVILHOSO SEMPRE LINDO SEMPRE PRA FRENTE SORRINDO TAMARAVILHOSO E TÃO BELO TÃO CONTAGIANTE E SÉRIO TAMARAVILHOSO QUE ENERGIA VIVA O VERÃO É BAHIA! TAMARAVILHOSO NOITE TÃO LINDA E COM VOCÊS FICA MELHOR AINDA... TAMARAVILHOSO! e como num passe de mágica, todos os funcionários do TAMAR estavam no palco cantando o refrão transformando o palco numa verdadeira festa!
Logo após a festança no palco, foi a vez da cantora greco-brasileira Katerina Polemi subir à ribalta com sua voz perfurante e violão majestoso para interpretar canções de sua autoria, do jazz norte americano e, com chave de ouro, cantou o ijexá “Oferenda” (Luciano Calazans/Guy Marcovaldi) numa interpretação impecável e tocante. Vale ressaltar, que esta canção, é uma espécie de aula de ciência em versos escritos por Guy sobre a música de Luciano, que alerta às pessoas que o ar que respiramos, que erroneamente pensamos e aprendemos na escola que advém das florestas, na verdade, 90% do oxigênio que respiramos vem do encontro da luz do sol com os fitoplânctons do oceano…ISSO QUE É BONITO!
Após a apresentação da talentosa cantora, sobe ao palco outra cantora vinda de além-mar: a lusitana Noa que além de cantar sua doce e afinadíssima voz, também é violinista e cantou clássicos da nossa música, a exemplo de “Trem das Onze” (Adoniram Barbosa) com a participação fervorosa do público.
O poeta Maviael Melo subiu ao palco e cantou músicas do seu novo trabalho e declamou cordéis divertidos e inteligentes entretendo o público com poesia da mais alta qualidade. Fico sem fôlego só em lembrar esses momentos.
Mas fôlego mesmo faltou quando a estadunidense, diretamente de New Orleans, Michaela Harrison subiu ao palco.
Incrível como um ser humano pode emitir sons com a voz - que em si é um instrumento - com tanta precisão e entrega. Ela conseguiu transformar uma canção simples “Stand by Me” (Lennon e McCartney) em algo suntuoso, pomposo, sofisticado, mas sem perder a simplicidade. O público aplaudiu de pé! Quando ela cantou “TAMAREAR" (Guy Marcovaldi), novamente, ela converteu o que já é belo em algo transcendental. Arrancou agudos da voz que, com certeza, fez com que o público voasse. Pelo menos foi esta a sensação.
O encerramento (o primeiro encerramento de vários, já que o público pediu mais o tempo todo) ficou com Ana Mametto e Yacoce. Velhos amigos do TAMAR e da causa evocando os encantos e axés da Bahia no palco. Ponto alto foi a canção Milagres do Povo (Caetano Veloso) onde Aninha pôs todos para cantar e dançar! Um luxo só!
Não pude deixar de mencionar ao microfone uma das mulheres mais admiráveis que já conheci. Ela se confunde com seu riso discreto, e ao mesmo tempo é uma gigante. Para mim, uma celebridade. Para a comunidade científica mundial, ela é a “cara” da ciência: Escrevo emocionado e repetirei amiúde que celebridade é quem faz coisas célebres e confesso que não sabia, até assistir o vídeo em que a homenageada, lá em Kobe, no Japão, reconhecida por sua gana e chamada de mãe por vários e várias cientistas do mundo foi a nossa Neca Marcovaldi. Ela é a prova indiscutível que não existe uma mulher por trás de um homem. e sim ao lado do homem! “Eita” Guy sortudo e merecedor! Em suma, apesar dos meus 8 anos de Projeto TAMAR, a cada dia, mês, ano, descubro que estou entre gigantes. O TAMAR comemora 38 anos de existência com louvor, mas não é à toa. Todos os coordenadores, de todas as regionais, todos que fazem parte desta imensa família, fazem tudo por excelência! Essa é a marca do Projeto TAMAR.
Honra-me fazer parte desta família, e poder presenciar e principalmente viver para ver tudo de lindo que vi.
Claro que, como em qualquer espécie de organismo, há suas fases de intempéries, angústias e tensões.
Mas o TAMAR traz resultados e a prova disso estava ali nos dias 06 e 07/04/2018.
Qual o resultado?
A VIDA!
Tudo bem; Tamaravilhoso. mas neste instante, penso: O TAMAR é maravilhoso.
Que venham os 40 milhões de filhotes junto aos 40 anos de vida à esta esfera fantástica e real que é o Projeto TAMAR.
Luciano Calazans, Maestro e diretor do Programa Musical do Tamar.
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