09/04/2012 - No Brasil, o primeiro indício de migração transoceânica realizada por uma tartaruga de pente ocorreu em 1990. ↓
Migrações de tartarugas de pente (Eretmochelys imbricata) em estágio juvenil, das ilhas oceânicas brasileiras para diferentes pontos da costa da África e do Brasil, para se reproduzirem, vêm sendo registradas pelos pesquisadores do Projeto Tamar/ICMbio. Esse movimento leva à seguinte hipótese: uma área de alimentação e crescimento, como o Atol das Rocas e o arquipélago de Fernando de Noronha, por exemplo, abriga tartarugas que pertencem a diferentes sítios reprodutivos. Quando chega o momento da reprodução, cada qual busca o seu sítio de origem.
Essa questão, levantada pelo coordenador do Tamar em Pernambuco e Rio Grande do Norte, biólogo Armando J. B. Santos, foi precedida pela pesquisa e análise das últimas migrações registradas pelo Projeto. No Brasil, o primeiro indício de migração transoceânica realizada por uma tartaruga de pente ocorreu em 1990: o animal foi marcado no Atol das Rocas, em janeiro; em julho foi capturado e morto em Dakar, capital do Senegal, África, depois de percorrer pelo menos 3.680km, em seis meses. Outros dois exemplares da mesma espécie foram marcados como juvenis em Fernando de Noronha e também encontrados na África, no Gabão e Guiné Equatorial, descritos como fêmeas adultas.
Viajantes por natureza - Em março de 2012, o Tamar fez mais dois registros importantes: o primeiro foi a recaptura de uma tartaruga de pente, com 89,5cm de comprimento de casco, que estava marcada e foi vista desovando em Ilhéus/BA, como foi informado pelo Instituto Mamíferos Aquáticos(IMA). Ao rastrear a marca, os pesquisadores descobriram que se tratava de uma tartaruga marcada em outubro de 2002, no Atol das Rocas/RN, com 78cm de comprimento de casco. Esta mesma tartaruga foi vista mais duas vezes, ainda em Rocas, em junho de 2003 e dezembro de 2004 - nesta última ocasião medindo 82cm de casco.
O segundo registro ocorreu na base do Tamar em Pipa/RN: uma tartaruga de pente, com 93cm de comprimento de casco, que desovou na praia do Olho D’água, trazia na anilha número de série antigo. O rastreamento revelou que o animal havia sido marcado também no Atol das Rocas/RN, em abril de 2003, quando ainda media 64cm de comprimento de casco. Esta mesma tartaruga foi capturada mais duas vezes no Atol, em 2005, sendo que na última vez media 72 cm de comprimento de casco.
As tartarugas marinhas, por serem viajantes por natureza e ignorarem as linhas imaginárias propostas pelos humanos separando os territórios, foram eleitas as embaixadoras dos oceanos. Até o início da década de 80, apesar de já haver indícios de migrações transoceânicas realizadas pelas tartarugas verdes, entre a ilha de Ascencion e a costa do Brasil, acreditava-se que as tartarugas de pente não faziam essas migrações. Posteriormente, recapturas de animais marcados e estudos genéticos demonstraram que as tartarugas de pente também eram capazes de realizar viagens tão longas como as demais espécies de tartaruga marinha.
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