29/02/2012 - Considerada uma das mais marcantes manifestações culturais da Praia do Forte, a tradição dos Caretas é uma representação do ciclo do poder, ápice do imaginário popular. ↓
Conta a lenda, que os Caretas surgiram nos tempos da escravidão, quando em certa época do ano, mais precisamente durante o Carnaval, os senhores permitiam aos escravos se expressarem culturalmente. Era a oportunidade que tinham de cultuar seus deuses e divindades, e também de assustar os filhos dos senhores de engenho, que residiam na Casa da Torre (Farol Garcia D'Ávila).
A máscara é sempre um disfarce. Simula e transforma, liga o natural ao sobrenatural. Tem presença marcante nos rituais e cerimônias coletivas que provocam nos participantes uma espécie de iluminação, uma consciência que os transporta para algo além, possibilitando enfrentar melhor as dificuldades do cotidiano.
No ímpeto de assustar, os Caretas mudam a voz e fazem movimentos de ataque. Mas é só para assustar. Seu Ulisses, um dos careteiros mais antigos da Praia do Forte, conta que quando criança levava várias carreiras dos Caretas quando seus pais pediam para ir até a venda comprar algum mantimento. "As crianças se pelavam de medo e saíam correndo, largando tudo pelo caminho. Não podia deixar nada pra fora de casa que os Caretas levavam!".
A manifestação passada de pai para filho se mantém até hoje, mesmo com algumas perdas pelo caminho e algumas distorções, como a utilização de máscaras de borracha (Careta de verdade faz sua própria máscara) e o pedido de dinheiro aos turistas. Apoiadores locais e membros da comunidade se dispõem, como seu Ulisses, a manter a tradição viva, principalmente entre as crianças. O careteiro participa de oficinas e ensina a fazer o molde, a forma, a expressão, a cara do Careta, conta e reconta as histórias de seus tempos de menino.
"Careta B.U. / tira a roupa e fica nú!!!!"
É o que gritam em coro os participantes locais da festa, tentando espantar as figuras horripilantes. Sabe-se que B.U. era o nome de um careteiro muito ruim da região, que quando saía no carnaval passava vergonha por não conseguir se disfarçar direito. Todo mundo descobria logo quem estava por debaixo da vestimenta e o Careta não assustava ninguém, virou motivo de chacota, e B.U. virou sinônimo de Careta que não assusta. Nenhum Careta gosta de ser B.U.
O concurso tradicional, que até então era realizado na praça da igrejinha, aconteceu na terça-feira de Carnaval de 2012, no espaço cultural do Tamar, com o apoio da Turisforte - Associação comercial e turística da Praia do Forte. Crianças e adultos se apresentaram para concorrer a prêmios por votação dos visitantes do Centro e de uma comissão de jurados. Os ganhadores receberam aparelhos de TV, DVD, bicicletas entre outros. Teve muita alegria, mesmo com os sustos.
Uma das linhas de ação do Programa de conservação das tartarugas marinhas é a valorização da cultura para fortalecer e estreitar os laços com as comunidades litorâneas, parceiros fundamentais para o desenvolvimento do Programa, desde o início, ainda no tempo do levantamento das áreas de desova.
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